Há duas semanas que ele lhe ligava. Ela não atendia. Não queria saber dele, da sua nova família, da filha que estava para nascer, de como estava feliz ao seguir em frente… Ela, “obrigada” a continuar, após a confissão do ” estou cansado disto; estou cansado disto..”, não tinha qualquer intenção de encaixar a relação, que outrora tinham tido, nos moldes da vida prática, rotineira, reduzindo-a a uma ocasião. A história vivida, não cabia num espaço e tempo convencional, e portanto, trazendo para a dimensão do real, significava banalizá-la. Vítor suplicava, em vão, pela sua amizade, mas a ela, por enquanto, não lhe apeteciam convívios.
Tinha, cada um, agora, uma vida cheia de coisinhas, de refeições, passeios, conversas, dinheiro. A vida do dia-a-dia. Muito, muito longe do que um dia foi a vida vivida pelos dois. Paula sentia que estava a ser vencida pelo orgulho, e que agia erradamente, mas a verdade, é que não se sentia preparada para enfrentá-lo.
Depois de dois meses sem se falarem, as razões do silêncio permaneciam por explicar. Talvez, precisassem ambos de um tempo para pensar. Para pensar no desfecho do amor.
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