Odeio a Dona I. Odeio o espiritozinho de funcionária pública, o pôr tudo por escrito, o fazer queixinhas, o medo, sempre o medo, que a paralisa ( a ela e quase todos nós) e a faz debitar mil palavras por segundo, sem ela própria se entender. Odeio ter-me dado a oportunidade de conhecer estes meandros da burocracia. Odeio a falta de respostas, ou as respostas evasivas, o contacto difícil com os colegas, as incertezas que reinam. Cada vez me é mais penosa a minha vida aqui!
Odeio o mundo em que vivo, onde o dinheiro para matar a fome e para educação, são gastos em sexo, aviões, armas e betão. Odeio ver os meus pais a trabalharem desde os 11 até aos 65 anos cheio de mazelas e cansaços. E mesmo assim, haver no mundo, quem arrisque a vida à procura destas mazelas e cansaços.
Odeio assistir à criação de palestras e peças, com títulos como: “A ARTE DE LIXAR O MAIS FRACO” sempre com lotação esgotada. Odeio a constante premiação da falta de carácter, da incompetência e da lambe-botice. Odeio sentir-me revoltada com estas “ninharias”, dar-lhes importância, quando no HAITI, quem só tinha a vida, nem isso agora tem.
Acredito no Deus Misericordioso, e que nada é ao acaso, mas de vez em quando tenho o Saramago a alfinetar-me: que razões existem para ser optimista e continuar a ter fé nos HOMENS e em DEUS?
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