Há quem ganhe trauma da guerra, outros, fobias…Eu desenvolvo uma espécie de asco-averso-repugnante a esta qualidade de trabalho estupidificante, que se resume ao ajuntamento de papeis para depois desajuntar. Este refugo de tarefa, que me entorpece o pensamento, que multiplica, exponencialmente, a minha raiva e a minha revolta a esta cidade e a este ofício, assassina o meu presente. Devia alguém estar no banco dos réus, a ser julgado por tamanha atrocidade, de me amarrar a liberdade a um conjunto de rotinas impressas em formulários normalizados, com datas de registo. Prenderam-me a vida a esta raça de funções, domesticaram a minha criatividade. Sugaram a minha seiva, torturando-me as vontades. Por cada plano de fuga, uma chicotada de convenções. Por cada impulso de partida, os pontapés dos falhanços, por cada sã loucura, as pernoitas na solitária.
A minha morte é ir vivendo…
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