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“Os jovens estão impacientes, estão zangados, muito zangados com uma civilização, uma sociedade que não lhes está a dar a esperança socioeconómica de que necessitam. Para ler, ler seriamente, tem de haver determinadas condições. (…)Para ler seriamente é preciso silêncio. Não ponha música tire a rádio e a televisão do quarto. Tem de saber viver e conviver com o silêncio.(Cada vez menos jovens querem viver com o silêncio. Na realidade, têm-lhe medo. O silêncio tornou-se de resto muito caro(…)Vivemos num inferno de ruído constante). Tem de estar preparado para – e não riam de mim – saber passagens de cor. Não é por acaso que “coração” em latim é “cor”. Ninguém nos pode tirar nunca o que sabemos de cor. Deixem-me frisar: saber, saborear de cor, com o coração, não com a cabeça. Queremos sempre levar connosco o que amamos.(…) Que outra maneira tenho eu de agradecer a Dante, a Cervantes, a Lope de Vega ou a Shakespeare? A partir do momento em que sabemos de cor, algumas poucas linhas, ele começa a viver dentro de nós. Em terceiro lugar, precisa de ter alguma privacidade. Esta última condição é tremenda, provavelmente a mais difícil, em especial, para os jovens de hoje. Atualmente, a privacidade é o inimigo nº1 de todo o jovem. Não só se confessa tudo a toda a gente, como é imperativo que o façamos imediatamente. Ninguém guarda a experiência só para si. Então, três condições: silêncio, aprender de cor e privacidade.”

na LER, edição especial nº 100, Excerto da Entrevista Exclusiva de George Steiner

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