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Tu não estás comigo em momentos escassos: No pensamento meu, amor, tu vives nua – Toda nua, pudica e bela, nos meus braços. O teu ombro no meu, ávido, se insinua. Pende a tua cabeça. Eu amacio-a…afago-a Ah, como a minha mão treme…Como ela é tua… Põe no teu rosto o gozo uma expressão de mágoa. O teu corpo crispado alucina. De escorço O vejo estremecer como uma sombra nágua. Gemes quase a chorar. Súplicas com esforço. E para amortecer teu ardente desejo Estendo longamente a mão pelo teu dorso… Tua boca sem voz implora em um arquejo. Eu te estreito cada vez mais, e espio absorto A maravilha astral dessa nudez sem pejo… E te amo como se ama um passarinho morto.

Manuel Bandeira

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