Na varanda do hotel vi-te a fumar um cigarro. Espaçada e lentamente, bafejavas círculos de fumo, tentando contrariar a pressa dos teus pensamentos. Nas ruas estavam as pegadas fundas de quem carrega o mundo às costas, e nas montras, a figura do teu rosto marcado pelas entradas do teu cabelo. O teu tronco, de ombros descaídos, forçavam o teu olhar em direção às pedras do passeio. Mas naquela noite, no céu, uma lua cheia, maldita na sua magnificência, fez erguer o mais pesado dos corpos. No espelho do mar, vimos o reflexo de uma maravilhosa ilusão. Um amor mágico, vivido dentro de uma caixa do fantástico, e que um dia fintou o truque e conseguiu fugir até à realidade. E na brincadeira do faz de conta que é capaz, provou a liberdade, mas, uma vez mais, não teve forças para viver sem o seu amo e senhor.
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