Menu

.
– 14h:08m

Ainda não li os signos hoje. Continuo, portanto, a praticar a obediência.Ontem, cheguei a casa às 18:30 com alguns planos e nenhuma vontade. Abri a porta da sala, olhei para tudo o que tinha que fazer, e pensei que antes de começar, poderia descansar um bocadinho, ali, no sofá. O meu sofá faz-me lembrar aquelas plantas carnívoras que se abrem com todo o seu esplendor e quando sentem a presa enclausuram-na sem hipóteses de escapar. Fiquei deitada, às escuras, no silêncio. Estava (quase) sozinha. Sabia que ninguém me iria ligar, que ninguém estava a precisar de mim, e isso soube-me bem. Imaginei-me de regresso a casa dos meus pais, imaginei-me num quarto de estudantes, imaginei-me num T0, só para mim. Pude dar-me ao luxo de nem pensar no jantar, ou fazer o quer que fosse…Não iria ter vozes a dizer: “não queres jantar?” “não queres xxxx”, ou “yyyyy”, e até “kkkkk”, e “porque dddddddd”….”tás melhor”? “o que tens”? “o que fizeste hoje”? “Andas tão para baixo”
Mas a voz chegou às 23:00. E com ela o barulho da louça, das conversas ao telemóvel, as obrigações, as atenções, a vida:
-mor, come…vai comer…
e chegou tão cansada, a precisar que alguém a ouvisse..e viu-me ali deitada, “outra vez, deve ter pensado…” –
E quando a voz chega, querer ficar sozinha, parece egoísmo em estado puro.

No Comments

    Leave a Reply