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Entretanto, quis ser músico, mas não tinha talento para isso. Também quis ser pintor, mas tinha o mesmo problema. Na faculdade inscrevi-me numa cadeira de escrita, e percebi que escrever ficção era a primeira coisa que verdadeiramente me interessava enquanto trabalho a que podia dedicar-me. Ainda assim, até hoje tenho dias bons e dias maus no que toca à escrita e à facilidade com que faço, mas nunca mais perdi o fascínio pela ideia de replicar a vida no papel. Há dias em que sinto que aquilo a que chamamos “talento” está muito próximo de uma capacidade artística que nos permite continuar sempre, sem nunca perder o interesse. É como disse Marilyn Monroe: “Eu não era a mais bonita, nem a mais esperta, nem a mais talentosa, mas desejava aquilo mais do qualquer outra pessoa”. Acho que é isso que acontece com a escrita.”

Michael Cunningham – Revista Ler, Abril 2011

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