8 da manhã. Sábado. Uma aldeia. Silêncio. Um café fechado. Alguém que espera. De repente gritos, choros, danças…
“Abre, abre, só tu me podes salvar..eu tenho que contar, tenho que contar, ou não conto, não conto, é melhor não, ele vem aí, eu vejo no relógio, neste aqui que mais ninguém vê, que ele vem aí, vês?, vês? quero os meus filhos, quero ir ver os meus filhos, dá-me um beijo na boca, dá-me um beijo na boca, ajoelha-te já te disse! ajoelha-te!..quero os meus filhos”,
então vá entra, entra aí para esse carro, branco, e senta-se nessa marquesa, entra
“não, quero ir-me embora, quero ir-me embora…”
Dois filhos bebés, 35 anos, um marido que ninguém ouve, uma mãe ausente, uma irmã-só-no-sangue que chora, um pai morto. E esta mulher. Forte. Independente. Guerreira. E dessas todas, das que tantas vezes temos que assumir, vingou apenas uma: a que estava escondida de todos. Diagnóstico: Doença Bipolar
Pergunta: Dá para pedir socorro antes, ou dá apenas para socorrer?
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