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“Ainda hás-de ter 50 anos e chuchar no dedo!” ahhh, é bem capaz de ser verdade. Palavras do Sr. Cunha que passados 33 anos ainda não se conformou com este meu hábito infantil. E eu cada vez mais preciso do meu polegar, a ponto de assistir ao seu encolhimento, provocado pelo excesso de uso. Aliás, no campo das meninices, não me faltam competências… por cima dos muros, ondular no padrão da Nazaré, invento dragões de 20 olhos para a Laurinha, rastejo e rebolo no chão para ver o mundo ao nível dos mais pequenos, faço caretas e desenhos, o que for preciso para encarnar e exorcizar os meus tenros anos (escondidos). Nas adultices o desempenho é de pior qualidade. A minha alma velha é mais caprichosa. E nem sempre aparece quando deve. Hoje, por exemplo, deixei o carro estacionado longe do MacDonald’s porque tive medo de ir ao MacDrive. Nãaa..deveria ter tentado, se era essa a intenção. Mas estou bem melhor na condução. Só uma mão no volante, o ponto de embreagem menos assustador, uma ida sozinha a Lisboa. (Qualquer dia, já faço marcha-a-trás de braço na cabeceira do assento do co-piloto, e olhar no vidro traseiro, à campeã ). O pé no pedal, a acompanhar o ritmo da evasão na auto-estrada, a altas horas da noite, com Eric Carmen e o seu All by Myself a altos berros no rádio, é uma libertação difícil de explicar. E o que dizer da minha pen..quase 900 músicas, desde Quim Barreiros a Cinematic Orchestra, de Anjos a Tindersticks. E bandas sonoras? Puro deleite. Canto, berro e choro, e imagino uma câmara por cima de mim a filmar a cena de onde sou a personagem. Guardo tantas imagens, tantos diálogos, tantas figuras que se encontram em histórias de amor e guerra. E deixo-me levar pela imaginação, que me condiciona a adaptação a tarefas rotineiras e burocráticas, a pessoas metódicas e racionais, e me leva numa viagem aos planetas, às luas, à quirologia, até a uma paragem na China em busca dos coelhos, búfalos, ratos e macacos. (to be continued…)
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